sábado, 20 de junho de 2009

Quando a realidade assusta


Há alguns dias escrevo em pensamento vários posts, mas tais palavras não chegaram a se materializar na tela do meu monitor. Elas se perderam...

Hoje, enfim, resolvi escrever. Queria falar de vida... e de morte. E só para começar uma coincidência me assustou. Amiga Keka também falou sobre isso. E tia Ruth escreveu um comentário que me ajudou bastante...

Eu já recebi uma sentença de morte. Vocês que costumam vir aqui já sabem disso e de como me senti. Revivo essa sensação a cada dois meses, quando vou fazer meus exames. É como se eu tivesse em minhas mãos uma bomba relógio. Uma bomba relógio que não é precisa. Uma bomba relógio cujos minutos passam mais rápido ou devagar, dependendo das escolhas que eu fizer. Essa é a questão. Depende de mim. Se tomar alguns cuidados, atraso o tempo de minha bomba relógio. Mas ela continua ali, em minhas mãos, para que eu sempre me lembre que eu tenho um tempo, que pode aumentar ou diminuir, mas que culminará com a explosão! Isso é um fato e nada posso fazer além de aprender a conviver com ele.
Outra coisa é quando alguém explode a bomba sem avisar. Ela chega e puxa o pino. E pronto: BUM!!! Acabou!

Segunda estava indo para o trabalho como sempre faço. Pouco antes das 18h virava a esquina para chegar a Bonsucesso. Ouvi muitos tiros, todos próximos. Fiquei sem ação. Olhei em volta e o que vi foi pânico. Policiais se escondendo atrás de muros. Pessoas se jogando no chão. Veículos quase voando. E, por fim, alguém me puxando para baixo e dizendo: "Abaixa, menina! É tiro!" No dia seguinte soube que um homem, com a minha idade, levou um tiro na testa durante esse tiroteio e morreu. Mais duas pessoas ficaram feridas. A ideia de que podia ter sido eu é inevitável. Alguém podia ter puxado o pino da minha bomba relógio...

É triste pensar que a violência está em cada esquina. É mais triste ainda constatar que ela virou rotina. É assustador pensar que as pessoas se habituaram a ela. É enlouquecedor ver que as pessoas fazem piada com a violência.

Aonde nós vamos parar? Não só pela violência, mas, sobretudo, pela reação das pessoas.

De qualquer jeito, entrar em contato com a morte nos muda de alguma forma e nos ajuda a entender melhor o sentido de nossa vida...

quinta-feira, 11 de junho de 2009

A bicicleta

Aprendi a andar de bicicleta com uns três anos. Era uma bicicleta vermelha, com rodinhas dos dois lados. Minha casa tinha um longo corredor, que ligava o hall de entrada à sala de jantar. Era esse o nosso trajeto. Eu e minha bicicleta vermelha saíamos do hall, percorríamos o tal corredor até a sala de jantar, passeávamos ao redor da mesa e voltávamos ao ponto do qual partíramos. Fazíamos isso repetidamente... Depois nos mudamos para uma casa que ficava em uma rua sem saída. Ah! Agora sim entendia o que era a liberdade! A bicicleta, agora maior, também era vermelha, mas sem as rodinhas. Essa era a primeira impressão da liberdade. Mas qual o quê!!! Ainda nem falei do vento, ah! o vento que bate no rosto da gente...

Cresci um pouco e fiquei com medo daquelas bicicletas gigantes! Nunca mais andei de bicicleta... Até hoje.
Dizem que andar de bicicleta é algo que a gente nunca esquece... Lá se iam 20 anos! É tempo demais. Será?!
Marido dizia que eu não sabia andar de bicicleta, mas eu sou teimosa, né?! Não desisto fácil assim. Desafios? É comigo mesmo. Decidi comprovar a máxima que ouvi a minha vida toda. Tati e Keka me apoiaram e lá fomos nós dar uma volta de bibicleta pela Lagoa Rodrigo de Freitas. Maridos não nos acompanharam...
A bicicleta era vermelha... Um mar de lembranças invadiu minha mente. E quando não havia gente na ciclovia podíamos ir mais rápido, eu e minha bicicleta vermelha... Senti por alguns instantes o vento, de novo, batendo no meu rosto. O vento trazendo, mais uma vez a deliciosa sensação de liberdade... A deliciosa sensação de estar ali, num dia que nem estava bonito (céu nublado...), e eu estava ali, andando de bicicleta de novo com minhas amigas de infância...
Depois de 15 minutos começou a chover. Foi bom sentir a chuva caindo também, mas ela, teimosa, continuou a cair e interrompeu nosso passeio.
Devolvemos as bicicletas, pagamos o aluguel e fomos até Ipanema almoçar.

Um delicioso dia para recordar... (e repetir!)