domingo, 27 de dezembro de 2009

Feliz 2010!!!

ESPERANÇA

Mário Quintana

Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se
E
— ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança...
E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...

Só mais um dia de Natal...


Perdi uma amiga na manhã da véspera de Natal. E acho que algumas coisas não deveriam acontecer nessa época do ano, como perder pessoas que amamos.
E pensar que, há uma semana, estava conversando e rindo com ela, que reclamava da sandália cheia de brilho e com uma fivela enorme que acabara de ganhar do namorado e machucava seu pé...
Estranho pensar o quanto instável, provisório e até improvável é viver, ou melhor, estar vivo. Apesar de já ter perdido tanto, nunca havia pensado desse jeito. Pensar que viver é um estar vivo. Que viver é apenas um estado e isso passa.
Acho que ela passou muito bem por aqui, e isso me consola...

Mas falando em viver...

Não esperava muito do meu Natal, mas a vida é também surpreendente! Percebi outra coisa: é impossível ficar triste onde há o riso de uma criança, um bichinho por perto e amor para dividir...

Feliz Natal, mesmo que atrasado!

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Quando vale a pena...

Na maior parte do tempo não vale mesmo a pena, mas quando acontece algo que de fato valha a pena, não há como comparar o que um professor sente.
Talvez possa pensar que um médico que acabou de salvar a vida de alguém sinta tamanha alegria. Talvez não. O médico salva a vida do paciente e acaba ali. Fica a gratidão, claro, mas o vínculo encerra-se.
Hoje a alegria que desfrutei não pode ser sentida por nenhum profissional... Por nenhum mesmo!

Hoje foi o último dia de aula de uma de minhas turmas de terceiro ano. Logo no início, um de meus alunos veio falar comigo:
- Professora, sabe aquilo que a senhora me falou na outra aula, de eu continuar estudando?
- Sei.
- Resolvi que vou fazer faculdade. Já estou escolhendo o curso.
Meus olhos enxeram-se d'água. Juro. Dei-lhe um abraço e disse que estava muito feliz e orgulhosa dele. Pedi também para que me convidasse para sua formatura!

Não senti o que se sente quando se salva uma vida, mas como alguém que acabara de plantar a semente da esperança em um coração. Tenho certeza que os anos passarão e ele se lembrará da chata professora que só fez um comentário no fim de mais uma aula.

PS: Por isso o post está verde hoje, porque quero distribuir esperança!

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Saudade


A um ausente (Carlos Drummond de Andrade)

Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral,
a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo, sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.
Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enloqueceu, enloquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?
Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.
Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste.

"Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida." (Clarice Lispector)
PS: Ainda não parou de doer, será que um dia vai passar?...

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Esperanças

Certo dia, quando eu era criança, uma esperança pousou na parede da sala da minha casa. Eu, típica menina, gritei, apavorada com o monstruoso inseto. Meu irmão, típico menino, quis pegar o inseto para jogar em mim. Minha mãe, sábia mulher, mandou deixar a esperança em paz! Era bom termos esperança em nosso lar... Não só o inseto, que deve ter ganho este nome somente por causa de sua cor.
Não, não irei falar de inseto, mas de esperança. Afinal de contas, pousou uma na minha casa novamente.

A esperança é um homem grande, forte, com uma aparência até meio rude. Chega a lembrar o Shrek, aquele mesmo do desenho animado, que, por coincidência (será?!), é verdinho como o inseto! Bom, Esperança não é verde, é marrom, como diria meu sobrinho com toda a inocência de quem ainda não sabe nada de raças e preconceitos.

Não gosto de insetos e os que me conhecem sabem que também não sou muito fã de seres humanos, mas Esperança não é um ser humano qualquer. O coração deste homem é um sem fim de amor... Quanto caráter, quanta sabedoria em tanta ignorância...

Uma esperança como esta deveria aparecer na casa de todos, pelo menos uma vez na vida.

Hoje afirmei a ele que minha esperança havia sido perdida há algum tempo. Ah! Ainda não tinha percebido que Esperança me trouxe a esperança de volta quando pousou na parede de minha casa.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

De luto...

Triste constatar que minha cidade está agonizando, morrendo um pouco mais a cada dia. Não tem como não ficar indignado. Indignado com o rumo da educação, da saúde e das proporções que a violência no Rio de Janeiro vêm tomando.
Queria mostrar minha indignação, o quanto estou perplexa com o que vem acontecendo por aqui. Algumas vezes já estive exposta a situações de risco: já me apontaram uma arma ao levar meu carro, já passei algumas vezes no meio de um tiroteio, já fiquei sem saber o que fazer ao me deparar com a Linha Vermelha interditada por causa de conflitos nas favelas ao redor e também já vi balas traçantes cruzando meu caminho nesta mesma via expressa. Às vezes penso até que é sorte eu ainda estar viva, por nenhuma bala ter deixado de ser perdida ao me encontrar.
Enquanto alunos perdem aula por não poderem sair de suas casas, mães perdem seus filhos, crianças perdem a esperança de terem um fututro melhor por conta de tanta violência, a sociedade comemora porque o Rio de Janeiro sediará os Jogos Olímpicos em 2016.
Que venham novos estádios olímpicos, velódromos, vilas olímpicas, museu do som, mudança da sede do Comitê Olímpico, superfaturamento das obras!!! Sediaremos as Olimpíadas!!! O mundo olhará para nós!!!
Me pergunto: e quem olhará por nós?
Até quando teremos que ter como companheiro constante o pânico. O pavor de sairmos à rua sem sabermos se voltaremos para casa ou se, caso cheguemos, teremos o prazer do abraço dos filhos, amigos e familiares?...

sábado, 24 de outubro de 2009

É duro ser professor...


Ontem vi a chamada de um programa de televisão que dizia que cada ano a mais de escolaridade que você tem te garante 15% de aumento no salário. Só se você não for professor... Caso seja, vou te contar o que você certamente terá a mais. E não será um gordo aumento no salário!!!

Primeiro, uma turma problemática, pelo menos uma. Se não, você não pode dizer que é professor! E tudo, mas tudo mesmo, pode acontecer a ou com você.

O mais leve pode ser uma aluna dirigindo-se a você com: Ah, minha filha! Peraí!!! Minha filha não... professora! Como se essa palavra ainda quisesse impor algum respeito ou autoridade.

Sabe, não sou uma professora assim tão intransigente. Lembro que já fui aluna um dia. Ainda me recordo do que alunos fazem e algumas vezes tolero até bastante coisa. Ah! Mas há coisas que parecem inacreditáveis. Coisas que jamais pensei que fosse ver um dia. E, mesmo pensando como aluna, nunca pensaria em fazer algo do tipo. Assusta pensar que o futuro do mundo está nas mãos de pessoas como certos estudantes. Eis uma história. Uma história verídica, por mais absurda que possa parecer:

Tenho uma turma com uns quarenta alunos inscritos, mas somente uns quinze frequentam as aulas. Desses, somente três me entregaram os trabalhos que passei no bimestre passado. Dois estavam idênticos (me pergunto o porquê de eles nem trocarem a ordem das palavras ou usar sinônimos) e um deles era uma xerox. Isso mesmo. O infeliz aluno tirou uma xerox do trabalho do colega, cortou o excesso de folha com as mãos e me entregou. Não se deu nem o trabalho de escrever o nome. Não achei que viveria para ver isso. Estudei tanto. Virei noites estudando. E sabe que ele reclamou por ter tirado zero. Disse que não tirou xerox. Teimou comigo, que estava com o trabalho dele nas mãos.

Queria dizer também que nem tudo é tão ruim assim... Esta semana, estava dando uma aula sobre a segunda fase modernista e falava para a turma sobre Graciliano Ramos. Comentei algumas coisas sobre o autor e sobre "Vidas secas", sua obra-prima. Um livro maravilhoso.
Terminada a aula, fui guardar minhas coisas para ir embora e vi uma aluna na biblioteca procurando pelo livro que lhe tinha acabado de ser apresentado. Fiquei feliz. E, naquele dia, tive a certeza de que meu trabalho valia a pena... Apesar de tudo.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

"Sei lá, sei lá..."


Problemas, muitos problemas...

Tudo mesmo que eu queria neste exato momento era ser um personagem das novelas de Manoel Carlos. Queria começar um capítulo de minha vida ao som de Chico Buarque, afirmando que a vida tem sempre razão, na verdade, queria mesmo que a vida sempre tivesse razão! O que importa mesmo é que todos os personagens do Maneco são lindos, ricos, felizes... E mesmo com sofrimento, ah! a gente sofreria no Leblon ou em qualquer outro lugar charmosérrimo do planeta! Choraríamos ao som de boa música, seja jazz ou bossa nova. Afogaríamos as mágoas olhando pro mar, vendo o por do sol no Arpoador. Você tem que concordar comigo: não há tristeza que resista ou dor que teime em doer por muito tempo... Sem contar que teríamos a certeza do final feliz, sim, porque eu não sou tão ruim assim pra merecer um castigo. E como é uma novela do Maneco, somente um dos meus lados prevaleceria, nada de lado mau, porque seus personagens ou são bons ou maus, além dos que se regeneram, claro!
Queria a certeza de que a vida é uma grande ilusão e que sempre há um final feliz...

Até a próxima!

PS: Aí vai a letra da música supracitada, de autoria de Toquinho e Vinicius de Moraes.

Sei lá... a vida tem sempre razão

Tem dias que eu fico pensando na vida
E sinceramente não vejo saída.
Como é, por exemplo, que dá pra entender:
A gente mal nasce, começa a morrer.

Depois da chegada vem sempre a partida,
Porque não há nada sem separação.
Sei lá, sei lá, a vida é uma grande ilusão.
Sei lá, sei lá, só sei que ela está com a razão.

A gente nem sabe que males se apronta.
Fazendo de conta, fingindo esquecer
Que nada renasce antes que se acabe,
E o sol que desponta tem que anoitecer.

De nada adianta ficar-se de fora.
A hora do sim é o descuido do não.
Sei lá, sei lá, só sei que é preciso paixão.
Sei lá, sei lá, a vida tem sempre razão.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

À Kelly

Ouvi este poema ontem, em um programa sobre João Cabral de Melo Neto, um dos nossos maiores poetas. O escritor Décio Pignatari definiu assim o poeta João Cabral: "Ele tem um lado popular que se chama João Cabral e tem um lado aristocrático que se chama Melo Neto. Então, ele é, um pouco, todo este universo conflituado e passou quarenta anos tentando resolver este conflito."
De qualquer forma, após ouvir o poema, revi minha amiga bailadora em ação e senti saudades... O poema é uma homenagem a ti, querida Kelly...


UMA BAILADORA SEVILHANA

Como e por que sou bailadora?
Quando era entre menina e moça

tinha comprida cabeleira
que me vinha até as cadeiras.

Me diziam: com essas tranças
não pode não votar-se à dança.

Então, me ensinam a dançar.
Sou? O que não pude decorar.

Vendo famosa bailadora:
ei-la apagada, quase mocha.

Não te agrada F... de Tal,
que todo dia sai no jornal?

Não gosto: dança repetido;
dança sem se expor, sem perigo;

dançar flamenco é cada vez;
é fazer; é um faz, nunca um fez.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

"Gorda"

Há umas duas semanas, fui ao teatro assistir à peça "Gorda". Ouvi tanto falar da peça... Eu e minhas expectativas, que dessa vez foram frustradas!

A peça é chaaaaaata... Culpa de algumas cenas protagonizadas por uma magra neurótica e desbocada!!! Cenas longas, sem grande conteúdo e cheias de esteriótipos... Como se fossemos simplesmente: gorda feliz e bem resolvida ou magra neurótica e insegura!

Valeu apenas pela abordagem do preconceito, preconceitos que podemos estender por vários caminhos... Infelizmente, essa palavra tão feia ainda é bastante usada por nós...

A peça gira em torno de um romance: uma magro que se apaixona por uma gorda. Aí já começam os esteriótipos... A gorda é divertida, bem resolvida, feliz com seus muitos quilos a mais (embora a atriz vá reduzir o estômago para tentar ser magra!), embora viva fazendo piadas sobre si mesma. Mas isso é perdoável: mecanismo de defesa. Normalíssimo em quem vive sendo vítima de comentários negativos!

Bom, o magro? Normal: um homem bonito e bem-sucedido.

Aí começa o problema: o diferente! Por que será que o diferente sempre nos assusta, nos ameaça? Em qualquer sentido! Tudo e todos que não se enquadram em nosso sistema não preestabelecido nos amedronta. Aí, lançamos mão do horrível pré-conceito.

Ainda havia mais dois personagens: a ex-namorada do magro. Uma mulher macérrima, sempre em busca de novas atividades para manter a forma. Fútil, chata, superficial, neurótica, insegura e com a boca mais suja que já vi em minha vida! E um amigo do magro. Típico homem machista e babaca. Grosso até não poder mais! Mais dois esteriótipos...

Os dois protagonistas, gorda e magro, não conseguem ficar juntos. Ele não aguenta a pressão dos colegas de trabalho, que riem e debocham de sua nova namorada.

Assustador mesmo é constatar que as pessoas adoram palavrões e comentários machistas e preconceituosos.

Mais assustador ainda é constatar a triste realidade: a de que na maioria das vezes nos acovardamos e não defendemos nossas convicções. Agimos como o magro da peça, que se retira, cansado e covarde, de sua tentativa de vencer preconceitos. E assim, mesmo que sem querer, contribuímos para piorar ainda mais um pouquinho com o mundo feio ao nosso redor. O mundo feio que faz do diferente algo que não seja digno de amor nem de respeito...

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Não sei nem o que falar...


Este é o link da reportagem sobre a manifestação dos professores de escolas do estado do Rio de Janeiro. Sou uma delas. E é tão triste que em tão pouco tempo trabalhando para a S.E.E. eu já esteja vivendo minha primeira greve.

A covardia que vi nessas imagens, infelizmente, alcança uma dimensão bem maior...

Talvez este texto não saia bom, estou escrevendo com meu coração.

Primeiro quero falar da covardia da cena.
Em campanha, o senhor governador Sérgio Cabral dizia aos quatro ventos que sua avó tinha sido professora. Dizia que se orgulhava disso, que olharia com carinho a educação. Traria melhorias para escolas, alunos e professores. Eu não acreditei, aliás nunca acreditei no senhor Cabral. Mas, viva a democracia!, a maioria acreditou. E como tantas outras, essas foram apenas mais umas promessas não cumpridas.
O Nova Escola está suspenso há três anos!!!
E vocês viram a proposta para o plano de carreira? Tá de sacanagem!, como diriam meus alunos.
A faculdade de Letras foi minha segunda faculdade. rs... Lembro-me das pessoas falando para eu fazer Direito. Ser professor é que não dá! E olha que nem tinha campanha do MEC para incentivar as pessoas a se tornarem mestres... (Isso é outra história, aliás!) Ah! Mas o quê! E o que eu gosto de fazer, não conta? Conta... O salário líquido de um professor de nível 1 do Estado do Rio de Janeiro é de R$540,00. Não é piada...


Agora entra a agressão sofrida dia a dia...
Queria viver no belo conto de fadas do comercial do MEC. Onde ministros e secretários de educação provavelmente entendem de educação. Sabem a realidade das escolas e da sala de aula. Viram que romântico lugar?! Escolas em condições de funcionar! Nada de salas onde cabem 20 alunos tendo que comportar 50! Ah! Alunos da mesma faixa etária e TODOS vivendo uma mesma realidade. Salas claras, ventiladas. Laboratórios equipados. Computadores. Professores felizes. Também, como é possível não estar feliz com tantos alunos interessados? Nada de cara de paisagem, nada de alunos devorando lanches ou dormindo durante a aula. Naturalmente esses professores são bem remunerados e estimulados a ter uma continuação de seus estudos, além de não precisarem ir a áreas de risco para lecionar. É o mundo perfeito da educação!!! Assim, teremos um Brasil bem melhor, sem dúvida!

O triste é que isso deveria ser a regra e não um apelo enganoso...

Para terminar minhas lamúrias, terei que trabalhar aos sábados. Culpa da gripe suína. Só mesmo muito álccol gel e resignação para aguentar...

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Intertextualidade


Ultimamente tem sido assim: memórias e poesias...
A memória já foi compartilhada, agora a poesia...


Retrato (Cecília Meireles)

Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida
a minha face?

***

Não vou me adaptar (Nando Reis)

Eu não caibo mais nas roupas que eu cabia,
Eu não encho mais a casa de alegria.
Os anos se passaram enquanto eu dormia,
E quem eu queria bem me esquecia.

Será que eu falei o que ninguém ouvia?
Será que eu escutei o que ninguém dizia?
Eu não vou me adaptar.

Eu não tenho mais a cara que eu tinha,
No espelho essa cara náo é minha.
Mas é que quando eu me toquei, achei tão estranho,
A minha barba estava desse tamanho.

Será que eu falei o que ninguém ouvia?
Será que eu escutei o que ninguém dizia?
Eu não vou me adaptar.

Lembranças...


Tão engraçado como algumas coisas triviais nos remetem a tantas lembranças...

Domingo, alguns amigos uerjianos vieram aqui em casa. Simone trouxe a sobremesa: pudim.

Sabe, nunca fui muito fã de pudim de leite, sei lá, achava a textura estranha... De uns tempos pra cá eu até como, e gosto. Na verdade, acho que gosto do gosto doce que a lembrança de um pudim de leite me traz...

A verdade é que o tal pudim só acabou hoje, após o jantar. E nossa... A última fatia do doce me transportou para uns dez anos atrás. Tão estranho como o tempo passa tão rápido... nem dá pra sentir...

Por um instante, me transportei para a sala da minha casa antiga. Meus pais estavam lá. O pudim de leite também. Minha mãe fazia pudim para o meu pai toda semana, era o doce preferido dele. Ele comia o pudim todo, sozinho!!!

Bom, minha mãe foi embora antes dele. Ele, então, ficou sem seu pudim...

Lembro de um dia em que ele se queixou que desde que minha mãe havia morrido, ninguém mais fez pudim pra ele. Disse-lhe que eu nunca tinha feito um pudim de leite, afinal eu nem comia pudim!

Mas lá fui eu pra cozinha fazer o tal pudim de leite... Ele reclamou e disse que ninguém fazia pudim como a minha mãe, mas comeu o pudim todo!

De repente, a fatia tinha acabado e eu fui trazida de volta ao presente. Ao meu presente sem pudim de leite...

terça-feira, 18 de agosto de 2009

A Índia fica logo ali...

Nos últimos meses temos sido atropelados com músicas e expressões incompreensíveis vindas da Índia. Tudo por conta de uma novela da Glória Perez. Eu, por minha vez, acho as novelas dessa escritora um tanto quanto chatas, além de ficarem bem aquém e além da realidade. Tudo bem que não dê para seguir o tempo cronológico nesse tipo de programa, mas abusar da falta de verossimilhança também tem limites, né?!

Além de ser mais fácil pegar um voo para a Índia do que fazer a ponte aérea Rio-São Paulo, nunca imaginei que vacas de rua fossem tão gordinhas e saudáveis. Dá até pra imaginar que elas cheiram bem e não são cheias de carrapatos, aliás, me parece que não há insetos na Índia de Glória Perez. Não há dentistas ou quaisquer outros tipos de serviços pelo meio da rua e tudo parece bem limpo e organizado. Dá para passear de elefante sem dar de cara com um trânsito caótico. O mercado é tão bonitinho... O SAARA, aqui no Rio, deve ser um desastre para os indianos glorescos. E aquela casta de excluídos? A única humilhação é varrer o chão para os outros e lavar banheiros? Por Lorde Ganesha!!! Acho que sou um deles!!! Uma Índia cheia de aromas, cores, música e dança...

Bom, outro dia me deparei com uma Índia bem diferente da do universo de Glória. Finalmente consegui assistir a "Quem quer ser um milionário". Esperava um filme bem diferente do que vi. Afinal de contas, vivemos criando expectativas, não é mesmo?

Todavia, isso não quer dizer que eu não tenha gostado do que assisti. Pelo contrário: se você ainda não assistiu ao filme, faça-o. É uma bela história.

Vamos a ela então!

O filme nos oferece, como já disse, uma Índia bem diferente da que estamos acostumados a ver na novela das 21h. Mas nada muito diferente do que estamos acostumados, infelizmente, a ver ao nosso redor pelo Brasil. Crianças sem ter o que comer, sem estudar, sobrevivendo no meio da miséria extrema. Homens se matando em nome dos seus deuses. Órfãos tendo que se virar para crescer. E nem sempre eles conseguem crescer tão longe da violência e da miséria que os acompanhou por toda a vida...

Mas o filme fala e mostra mais do que isso...

Fala de algo maior e, se assim me permitirem falar, de algos maiores: de amor, da força do amor; de sonhos e de Destino. Sim, Destino e não destino. Eu o chamo carinhosamente de Moira, como faziam os gregos antigos.

A Moira é o destino inevitável, aquele que não pode ser mudado nem pelos deuses. Às vezes me pego acreditando nisso, mas falar sobre a Moira é uma outra história. Fica para um próximo post...

Voltando ao filme...

O que ficou em mim foi que o amor é o combustível maior de nossas vidas, o que nos dá ânimo de seguir em frente. É ele que nos faz sonhar e buscar os sonhos... E aí entra o destino... Que nos diz que, apesar de tudo, o que tem que ser nosso por direito, ah! será! MAKTUB!!!

Até a próxima!

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Mais um pouco de poesia...

O que o vento não levou

No fim tu hás de ver que as coisas mais leves são as únicas
que o vento não conseguiu levar:

um estribilho antigo
um carinho no momento preciso
o folhear de um livro de poemas
o cheiro que tinha um dia o próprio vento...
(Mário Quintana)

Como assim?!


Ai, ai... Às vezes me surpreendo com a burrice alheia... Há coisas simplesmente inacreditáveis!

Vejam isso:

Estava eu ajudando meu marido na loja dele ontem. Num dos momentos de calmaria, resolvi ver meus e-mails, afinal estava esperando por umas fotos enviadas pelo meu irmão.

Como em casa sempre leio os e-mails recebidos pelo Outlook, não lembrava mais a senha para ver meu e-mail no site do provedor.

Tentei todas as senhas que julguei cabíveis e nada. Bom, há uma opção de "esqueceu sua senha?". Cliquei nela. Hahahaha.... Só rindo... Sabe o que aconteceu? Eles pediram meu e-mail para enviarem a senha de acesso ao e-mail. Isso mesmo!!! Precisava acessar o e-mail para saber a senha que eu havia esquecido. Será que eles nunca imaginaram que alguém clica em "esqueci minha senha" porque, de fato, a senha foi esquecida e que essa pessoa deseja recuperá-la para, assim, acessar sua conta de e-mail e não o contrário?!

Pois bem, continuei sem poder ler minhas mensagens até chegar em casa, descobri minha senha, mas não precisava mais dela... Quem precisava de algo era o imbecil que teve essa ideia: um cérebro novo!!!

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Ainda falando da vida...

Estou com mania de Mário Quintana! Ando para cima e para baixo com um livro com suas poesias. Bom, se é para ter um vício, que, pelo menos seja um vício bom. E, além de muito bom, ler Quintna deixa a alma mais feliz, mais bonita!!! Acabei de ler o poema abaixo, aproveitem!!!


A CANÇÃO DA VIDA

A vida é louca
a vida é uma sarabanda
é um corrupio...
A vida múltipla dá-se as mãos como um bando
de raparigas em flor
e está cantandoem torno a ti:
Como eu sou bela
amor!
Entra em mim, como em uma tela
de Renoir
enquanto é primavera,
enquanto o mundo
não poluir
o azul do ar!
Não vás ficar
não vás ficar
aí­...
como um salso chorando
na beira do rio...
(Como a vida é bela! como a vida é louca!)

À vida!


"Às vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido." (Fernando Pessoa)

domingo, 19 de julho de 2009

A / À / Ah! memória...

Cheguei há pouco em casa. Estava em Piratininga, lá longe, dividindo um momento fantástico com os amigos de infância. Pois é, o tempo insiste em passar... Ele não nos dá trégua e podemos perceber, principalmente em encontros com amigos de infância, como ele, o tempo, mostra ser senhor de si. e de nós.

Quando me foi noticiada a comemoração de hoje, fiquei sabendo que o almoço seria churrasco e bobó de camarão. Ai, bobó de camarão... Neste instante o tempo resolveu me afirmar que ele havia passado. Há 17 anos atrás, nas comemorações de aniversário em casa de tia Ruth, sempre tinha bobó de camarão. Pude até sentir o cheiro que vinha da cozinha, que era tão pertinho da sala num pequeno apartamento onde vivia uma família linda... que ainda hoje é tão linda como era outrém. Só está maior... De novo esse tal de tempo... Voltando ao bobó: junto do cheiro veio o sabor e a saudade de um tempo que se foi.

Mas vocês sabiam que o tempo tem uma inimiga?! Na verdade, mitologicamente, Mnemosine era irmã de Chronos, não era uma inimiga. Mnemosine era a personificação da memória. E é por isso que amo o universo helênico... Memória não era apenas lembrar; tampouco não esquecer.

A memória fazia com que as coisas fossem imortais. Tudo o que se viveu não era esquecido, porque existia a memória, que fazia com que as lembranças estivessem sempre presentes. E mais: sabe o que era imortal? Os deuses. A memória nos aproxima do sagrado... Logo, da verdade, algo que nos era dado pela inspiração divina. A verdade, para os gregos, era o que não podia ser esquecido. Logo...

Voltando ao bobó da tia Ruth...




Fui agraciada com o dom de Mnemosine... Não sentia mais saudade daquele tempo passado. Eu tenho o tempo presente! Eu tive o bobó da tia Ruth (que continuava delicioso!). Eu tive a companhia dos amigos de 16 anos atrás e mais alguns amigos novos. Ganhei beijos e abraços dos tios que nos aturavam tocando violão várias tardes depois da escola! Ouvi do tio Jackson palavras que só ele usa!!! E ele lembrando que tinha que nos aguentar! Tiramos muitas fotos com o Thiago, que ainda está na barriga de sua mãe, mas que é o elemento que representa o novo. Ah, tempo... Você pode até passar e, às vezes, você até passa depressa demais, mas temos a memória, que nos permite reviver cada momento especial que passamos em nossas vidas. E isso é um dom, uma bênção...

quinta-feira, 16 de julho de 2009

?!?!?!...

Queria falar sobre esta foto... Ela foi tirada por André Dusek em 2008.





Pensaram na gravidade dela? Lula conversando animadamente com Collor e FHC, como velhos amigos, companheiros. Sem contar o Sarney rindo ali atrás, como se nada estivesse acontecendo. Mas está?!

Notem: o que foram os últimos presidentes deste país?! (aliás, alguém sabe por onde anda o sr Itamar Franco?!) E como temos no senado um ex-presidente como o Collor?! Por onde anda a memória do nosso povo?! Onde estão as convicções políticas dos políticos?! Pior: por onde anda a ética?!

Após esta aula de História do Brasil nos dada por esta foto, deveríamos conhecer o nosso passado e o de nossos políticos para vivermos um presente onde fossemos menos maltratados por eles e, assim, vislumbrarmos um futuro melhor, ou, apenas, um futuro...

PS: Essa saiu na Veja em 14 de julho de 2009... Dessa vez Lula elogiava o comportamento de Collor e Renan Calheiros. Putz...



terça-feira, 7 de julho de 2009

Ritos


"Ritos de passagem são celebrações que marcam mudanças de status de uma pessoa no seio de sua comunidade. Os ritos de passagem podem ter caráter religioso, por exemplo. Cada religião tem seus ritos, sendo parecidos com de outras religiões, ou não.
O termo foi popularizado pelo
antropólogo alemão Arnold van Gennep no início do século XX. Outras teorias foram desenvolvidas por Mary Douglas e Victor Turner na década de 1960. Os ritos de passagem são realizados de diversas formas, dependendo da situação celebrada; desde rituais místicos ou religiosos até assinatura de papéis (ou ainda os dois juntos).
Em todas as sociedades primitivas, determinados momentos na vida de seus membros eram marcados por
cerimônias especiais, conhecidas como ritos de iniciação ou de passagem. Essas cerimônias, mais do que representarem uma transição particular para o indivíduo, representava, igualmente, a sua progressiva aceitação e participação na sociedade na qual estava inserido, tendo, portanto, tanto o cunho individual quanto o coletivo." (Wikipédia)

A verdade é que sempre estamos tendo que prestar algum tipo de satisfação à sociedade. Quando nasce uma criança, sua foto logo é publicada no site da maternidade na qual nasceu. Neste momento diz-se ao mundo: chegou Fulano de Tal, filho de Cicrano e Beltrano, com x kg e y cm. A partir daí, somos alguém. Logo depois vem o batismo, que deixou, há tempos, de ter um caráter religioso. Você não precisa ser católico. O batismo não é mais para livrá-lo do pecado original. É uma satisfação à sociedade, assim como o matrimônio, que deixou, faz tempo, de ser uma mandamento ou um dos sacramentos. Casar é, antes de tudo, um evento social! Gasta-se o que não tem para se dizer à sociedade: estou casando. Viu só?!

Antes disso, temos o baile de debutantes. Formaturas, chá de panela, chá de bebê, festas de aniversário, Natal, Revéillon, Páscoa, dia disso, dia daquilo...

Perdeu-se o significado dessas coisas... perdeu-se a magia dos rituais. O tempo passa e perdemo-nos no vazio do futuro... As coisas não são mais simbólicas. Nada representa nada e tudo! Perdeu-se o romantismo...

sábado, 20 de junho de 2009

Quando a realidade assusta


Há alguns dias escrevo em pensamento vários posts, mas tais palavras não chegaram a se materializar na tela do meu monitor. Elas se perderam...

Hoje, enfim, resolvi escrever. Queria falar de vida... e de morte. E só para começar uma coincidência me assustou. Amiga Keka também falou sobre isso. E tia Ruth escreveu um comentário que me ajudou bastante...

Eu já recebi uma sentença de morte. Vocês que costumam vir aqui já sabem disso e de como me senti. Revivo essa sensação a cada dois meses, quando vou fazer meus exames. É como se eu tivesse em minhas mãos uma bomba relógio. Uma bomba relógio que não é precisa. Uma bomba relógio cujos minutos passam mais rápido ou devagar, dependendo das escolhas que eu fizer. Essa é a questão. Depende de mim. Se tomar alguns cuidados, atraso o tempo de minha bomba relógio. Mas ela continua ali, em minhas mãos, para que eu sempre me lembre que eu tenho um tempo, que pode aumentar ou diminuir, mas que culminará com a explosão! Isso é um fato e nada posso fazer além de aprender a conviver com ele.
Outra coisa é quando alguém explode a bomba sem avisar. Ela chega e puxa o pino. E pronto: BUM!!! Acabou!

Segunda estava indo para o trabalho como sempre faço. Pouco antes das 18h virava a esquina para chegar a Bonsucesso. Ouvi muitos tiros, todos próximos. Fiquei sem ação. Olhei em volta e o que vi foi pânico. Policiais se escondendo atrás de muros. Pessoas se jogando no chão. Veículos quase voando. E, por fim, alguém me puxando para baixo e dizendo: "Abaixa, menina! É tiro!" No dia seguinte soube que um homem, com a minha idade, levou um tiro na testa durante esse tiroteio e morreu. Mais duas pessoas ficaram feridas. A ideia de que podia ter sido eu é inevitável. Alguém podia ter puxado o pino da minha bomba relógio...

É triste pensar que a violência está em cada esquina. É mais triste ainda constatar que ela virou rotina. É assustador pensar que as pessoas se habituaram a ela. É enlouquecedor ver que as pessoas fazem piada com a violência.

Aonde nós vamos parar? Não só pela violência, mas, sobretudo, pela reação das pessoas.

De qualquer jeito, entrar em contato com a morte nos muda de alguma forma e nos ajuda a entender melhor o sentido de nossa vida...

quinta-feira, 11 de junho de 2009

A bicicleta

Aprendi a andar de bicicleta com uns três anos. Era uma bicicleta vermelha, com rodinhas dos dois lados. Minha casa tinha um longo corredor, que ligava o hall de entrada à sala de jantar. Era esse o nosso trajeto. Eu e minha bicicleta vermelha saíamos do hall, percorríamos o tal corredor até a sala de jantar, passeávamos ao redor da mesa e voltávamos ao ponto do qual partíramos. Fazíamos isso repetidamente... Depois nos mudamos para uma casa que ficava em uma rua sem saída. Ah! Agora sim entendia o que era a liberdade! A bicicleta, agora maior, também era vermelha, mas sem as rodinhas. Essa era a primeira impressão da liberdade. Mas qual o quê!!! Ainda nem falei do vento, ah! o vento que bate no rosto da gente...

Cresci um pouco e fiquei com medo daquelas bicicletas gigantes! Nunca mais andei de bicicleta... Até hoje.
Dizem que andar de bicicleta é algo que a gente nunca esquece... Lá se iam 20 anos! É tempo demais. Será?!
Marido dizia que eu não sabia andar de bicicleta, mas eu sou teimosa, né?! Não desisto fácil assim. Desafios? É comigo mesmo. Decidi comprovar a máxima que ouvi a minha vida toda. Tati e Keka me apoiaram e lá fomos nós dar uma volta de bibicleta pela Lagoa Rodrigo de Freitas. Maridos não nos acompanharam...
A bicicleta era vermelha... Um mar de lembranças invadiu minha mente. E quando não havia gente na ciclovia podíamos ir mais rápido, eu e minha bicicleta vermelha... Senti por alguns instantes o vento, de novo, batendo no meu rosto. O vento trazendo, mais uma vez a deliciosa sensação de liberdade... A deliciosa sensação de estar ali, num dia que nem estava bonito (céu nublado...), e eu estava ali, andando de bicicleta de novo com minhas amigas de infância...
Depois de 15 minutos começou a chover. Foi bom sentir a chuva caindo também, mas ela, teimosa, continuou a cair e interrompeu nosso passeio.
Devolvemos as bicicletas, pagamos o aluguel e fomos até Ipanema almoçar.

Um delicioso dia para recordar... (e repetir!)

terça-feira, 19 de maio de 2009

Tem certas coisas...

Nossa, há certas coisas que só fazemos quando, de fato, gostamos muito de alguém.

Minha amiga Lili vai casar e, como é habitual, tivemos um chá de panela para ir no último domingo. Ah! Mas era um chá de panela em Nilópolis... Depois de vários e-mails e zoações trocados, marcamos para irmos juntos. Dudu, para variar, reclamou de que iria passar um domingo em Nilópolis, perguntou se tinha carona e sumiu!!! Alex (e suas mensagens enviadas pelo seu aparelho Blackberry) combinou tudo e no dia disse que ia de táxi (ele estava em Niterói!!! $$$). No fim das contas fomos eu, Ana e Wallace.

Bom, tudo começa na Av. Brasil. A única referência? Tínhamos que entrar onde houvesse uma placa pra Ricardo de Albuquerque. Onde fica isso? Não sei até agora! Estávamos quase em Bangu e nada da placa para Ricardo de Albuquerque. Bom, passamos por uma para Nilópolis. Eu disse: Deve ser ali! Mas a Ana disse que não, pelo menos até passarmos pela saída; porque assim que passamos ela disse: Era ali. Eu lembro do posto de gasolina!

Andamos até a próxima saída, pegamos um retorno, passamos pelo cemitério (a Ana disse que estávamos no caminho certo, tínhamos que passar pelo cemitério).

O próximo passo? Bom, tínhamos que achar uma placa escrito Ricardo de Albuquerque! Puta que pariu!!! Onde fica Ricardo de Albuquerque!!!

Não achamos nem a placa, nem o viaduto que nos levaria para o outro lado da linha do trem. Quase chegamos a Mesquita, mas resolvemos dar meia volta. Ah! Vale lembrar que a última vez que o GPS deu sinal de vida foi há 21 km atrás, quando ele nos mandou para Av. Atlântica! Depois ele ficou no modo SOS.

Vários telefonemas, confusões e buscando placas inexistentes, chegamos à casa de Lili.

Várias coisas típicas de chás de panela aconteceram. Fizemos Lili e Marcelo de bobos. Comemos, bebemos, rimos. Aliás, devo ressaltar que Alex estava entre nós, mesmo tendo desistido da ida de Niterói a Nilópolis de táxi. O seu aparelho blackberry (e o do Wallace) o levou até nós e ao chá de panela. Salve a tecnologia!

Não pensem que foi só amargura nossa ida a tal cidade. Como a tarde foi doce... Foi cheia de doces deliciosos feitos pela mãe da Lili... ai, ai...

A volta pra casa? Bom, tentamos pedir uma explicação à noiva, mas ela disse para entrarmos ali e depois... Só não sabíamos o que seria ali, muito menos o que apareceria na nossa frente depois! Bom, por sorte o Flávio tem um fantástico senso de direção, e voltamos tranquilamente para casa.

O maior problema? Até agora queria saber onde fica Ricardo de Albuquerque. Será que ele realmente existe ou é algo como a ilha de Lost?!

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Queria falar de amigos...


Na última segunda-feira, tive um dia especial. Quero falar sobre ele, mas não agora. Agora quero escrever um pouco sobre amizade. Aliás, não usarei minhas palavras. Há pessoas que fazem isso infinitamente melhor do que eu.
Frases feitas sobre amizade há aos montes, mas que, de fato, amigos são bens preciosos e que têm o inigualável poder de tornar nosso dias melhores, ah! isso eles fazem mesmo!!!

Escolhi três textos que expressam bem o que sinto e vivo com meus amigos de sempre (e sei que será para sempre). Então este post é para vocês...
Ah! O primeiro texto é de Vinicius de Moraes (um dos meus poetas favoritos), o segundo de Machado de Assis (esse dispensa qualquer comentário) e o último de Einstein (uma grata surpresa). Leiam e apreciem sem moderação!!!

“Mesmo que as pessoas mudem e suas vidas se reorganizem, os amigos devem ser amigos para sempre, mesmo que não tenham nada em comum, somente compartilhar as mesmas recordações.Pois boas lembranças são marcantes,e o que é marcante nunca se esquece! Uma grande amizade mesmo com o passar do tempo é cultivada assim!” (Vinicius de Moraes)

BONS AMIGOS (Machado de Assis)

Abençoados os que possuem amigos, os que os têm sem pedir.
Porque amigo não se pede, não se compra, nem se vende.
Amigo a gente sente!Benditos os que sofrem por amigos, os que falam com o olhar.
Porque amigo não se cala, não questiona, nem se rende.
Amigo a gente entende!
Benditos os que guardam amigos, os que entregam o ombro pra chorar.
Porque amigo sofre e chora.
Amigo não tem hora pra consolar!
Benditos sejam os amigos que acreditam na tua verdade ou te apontam a realidade.
Porque amigo é a direção.
Amigo é a base quando falta o chão!
Benditos sejam todos os amigos de raízes, verdadeiros.
Porque amigos são herdeiros da real sagacidade.
Ter amigos é a melhor cumplicidade!
Há pessoas que choram por saber que as rosas têm espinho,
Há outras que sorriem por saber que os espinhos têm rosas!

“Pode ser que um dia deixemos de nos falar...
Mas, enquanto houver amizade, Faremos as pazes de novo.
Pode ser que um dia o tempo passe...
Mas, se a amizade permanecer,
Um de outro se há-de lembrar.
Pode ser que um dia nos afastemos...
Mas, se formos amigos de verdade,
A amizade nos reaproximará.
Pode ser que um dia não mais existamos...
Mas, se ainda sobrar amizade,
Nasceremos de novo, um para o outro.
Pode ser que um dia tudo acabe...
Mas, com a amizade construiremos tudo novamente,
Cada vez de forma diferente.
Sendo único e inesquecível cada momento
Que juntos viveremos e nos lembraremos para sempre.
Há duas formas para viver a sua vida:
Uma é acreditar que não existe milagre.
A outra é acreditar que todas as coisas são um milagre.” (Albert Einstein)

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Pela janela do quarto...


Há momentos em que a natureza se faz uma bela poesia...

Um instante

Sabe quando vc ama muito alguém? Um amor que só faz bem, que não seja capaz de causar dor? Um amor incondicional? Amar alguém sem querer nada em troca, o simples fato de o outro existir já lhe basta para parecer que o mundo é perfeito? Quando um sorriso, um brilho no olhar, um abraço apertado ou um telefonema te leva às lágrimas tamanha emoção?
E nesse breve instante o mundo para... Congela... E todo o amor que vc sente transborda e a felicidade torna-se plena. Talvez seja essa a sensação de nirvana que tantos buscam...
Eis o meu instante:

(Toca o telefone. Fui atender. Do outro lado...)
- Alô?
- Alô.
- Oi, minha titia linda!
- Oi, meu amor.
- S'agapó poly! (tradução: eu te amo muito!)
- K'egó! (tradução: eu também!)
(fim da ligação)

segunda-feira, 4 de maio de 2009

O céu de outono

Acho que lecionar Literatura não tem me feito muito bem... ou tem feito bem demais. Sabe, tenho me sentido subjetiva demais. Como se não existisse mais "sim" e "não", como se o mundo fosse uma infinita feitura de possibilidades. Mas não é?

Tenho enxergado poesia em muitas coisas. Reparado, como nunca, em cada detalhe que se dispõe ao alcamce de meus olhos. Olhos que estão ávidos por cor, por luz, por beleza, enfim.

Percebo as cores, os tons tão variados que estão por toda parte. A beleza de um sorriso. A ternura das mãos dadas, dos abraços. O brilho do sol. O azul do céu. Os tons que se destacam quando o sol se põe.

Às vezes sinto que não é só o meu subjetivismo. Não é só a emoção que exala por todos os meus poros. Sinto que o outono realça essa beleza.

Já repararam como os dias de outono são lindos?! Pois é, eles são...

Domingo acordei, estiquei o braço e abri a cortina. Vi um lindo céu azul, quase sem nuvens e o sol brilhando, brilhando. O sol aquecia e iluminava o dia, mas não nos fritava, como o sol do verão faz. Fui comprar pão na padaria mais distante de casa pra sentir o dia. Estava uma delícia. O outono realça as nuances das cores e tudo fica mais colorido. O céu estava ainda mais azul. E uma deliciosa brisa fresca entrecortava o ar. Ai, o outono... Não foi o caso de domingo, mas as chuvas do outono tornam ainda mais charmosos os dias. Dias para ficarmos deitados bem quentinhos, lendo um bom livro ou vendo bons filmes. E no fim do dia, quando o sol se põe, surge uma composição de cores diferente a cada dia. Posso falar isso com propriedade, pois o sol se põe diante da varanda do meu quarto diariamente.

Então, amigos, prestem atenção nos dias de outono, eles merecem... E deliciem-se com toda a subjetividade da vida ao nosso redor!


terça-feira, 28 de abril de 2009

A moeda


Ontem foi realmente um dia inacreditável... Pelo menos me rendeu uma boa história, vá lá...

Passei a tarde TODA de ontem na perícia por causa do meu cisto no pulso. Por volta de 18h começou a cair um temporal no centro do Rio de Janeiro. Bem, nem preciso dizer como foi a volta pra casa. Sem almoço, morrendo de dor de cabeça e puta com a falta de educação de médicos e funcionários da perícia, entrei no ônibus e demorei cerca de DUAS horas do Centro até o Méier.

Liguei pro Flávio e passei na Parmê para comprar uma pizza para comermos, afinal já eram quase 21h!!!

Estava eu no caixa quando, de repente, não mais que de repente, veio uma menina pedir à moça do caixa para lhe dar uma moeda de R$1,00 referente ao seu troco, pois a senhora que estava ao lado dela pegou a que lhe havia sido dada. Paramos todos, como assim?! Logo apareceu a senhora aos berros para se explicar:
O troco que a menina da caixa lhe dera estava faltando R$1,00. Ela viu o troco de mesmo valor que fora dado à menina sobre o balcão, deduziu que era seu e o pegou. Simples assim.
Todos ao redor ouviam incrédulos à narrativa, digamos, peculiar.
Trocos restituídos, comentários e risadas depois, continuei esperando minha pizza para, finalmente, voltar a casa.

Por hoje é só!

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Eu e eu mesma


Há alguns dias tenho conversado bastante comigo mesma. Sabe, nunca fui muito boa nessas coisas de me expressar, dividir sentimentos, opiniões, desejos, sonhos... Pois é...

Eu tinha uma grande amiga, a melhor que poderia ter, mas ela me deixou há quase 9 anos. Era com ela que eu dividia meus sonhos e medos. Todas as inseguranças que eu tinha. Todas as alegrias também! Era com ela que falava dos meninos que eu tava afim. Ou sobre o dia que eu tive. Mesmo minhas melhores amigas da minha idade não sabiam da missa um terço! Ela sabia.

Além de ser minha melhor e maior amiga, ela sabia me amar como ninguém. Sabia me fazer acreditar em mim, uma coisa que é muito difícil pra mim. E sabe, eu sempre acabava conseguindo o que eu queria. Acho que a "culpa" era dela. A verdade é que eu nunca mais fui a mesma desde que minha mãe se foi.

Fiquei pensando nisso a partir de umas coisas que meu irmão me falou. Que eu não era assim. Então eu me vi mesmo diferente. Mais insegura do que nunca. Mais descrente do que nunca. Mais "desamada" do que nunca.

Me vi com dificuldades de rir; eu sorrio, mas é tão difícil rir. Rir sem medo, sem censuras, sem medida! Rir por rir e pronto! E meu apelido no colégio era "risadinha"... Tenho medo do que tenho me tornado. Tenho medo de como vou ficar. Ultimamente não tenho ouvido nada de bom sobre mim. Só me criticam, só desacreditam em mim...

Mas que droga!!! Quem todos julgam ser?! A única pessoa que me conhecia de verdade não tá mais aqui pra falar.

Pelo menos tenho a mim mesma e eu até que me acho uma boa companhia!!! rs

sexta-feira, 10 de abril de 2009

"Não há lugar como o nosso lar!"


Nos mudamos. Finalmente... As obras ainda não terminaram por completo, não temos cozinha ainda... Mas temos a nossa casa. Quase um canteiro de obras, ainda sem móveis, caixas por todos os lados, poeira, muita poeira, gatos assustados, a sensação de que não estou na minha casa, mas... Mas temos um ao outro. Nós dois estamos aqui, juntos e prontos pra tornar cada segundo de nossos dias melhores...

Lembrei dessa música "O mundo anda tão complidado". E posso dizer que estamos prontos pra mais um recomeço, agora na nossa casa, nossa de verdade!

Gosto de ver você dormir
Que nem criança com a boca aberta
O telefone chega sexta-feira
Aperto o passo por causa da garoa
Me empresta um par de meias
A gente chega na sessão das dez
Hoje eu acordo ao meio-dia
Amanhã é a sua vez
Vem cá, meu bem, que é bom lhe ver
O mundo anda tão complicado
Que hoje eu quero fazer tudo por você.

Temos que consertar o despertador
E separar todas as ferramentas
A mudança grande chegou
Com o fogão e a geladeira e a televisão
Não precisamos dormir no chão
Até que é bom, mas a cama chegou na terça
E na quinta chegou o som
Sempre faço mil coisas ao mesmo tempo
E até que é fácil acostumar-se com meu jeito
Agora que temos nossa casa é a chave que sempre esqueço
Vamos chamar nossos amigos
A gente faz uma feijoada
Esquece um pouco do trabalho
E fica de bate-papo
Temos a semana inteira pela frente
Você me conta como foi seu dia
E a gente diz um p'ro outro:
- Estou com sono, vamos dormir!
Vem cá, meu bem, que é bom lhe ver
O mundo anda tão complicado
Que hoje eu quero fazer tudo por você
Quero ouvir uma canção de amor
Que fale da minha situação
De quem deixou a segurança de seu mundo
Por amor...

terça-feira, 7 de abril de 2009

Está chegando o momento tão esperado...

Minhas duas casas estão em estado caótico... A que eu moro, tem caixas por todos os lados e a maioria dos objetos estão inacessíveis. A casa para a qual me mudarei já está tomando um ar de casa, mas ainda tá uma bagunça só!!! (e até o Eugênio já tá pronto pra mudança!!!)



Estamos correndo contra o tempo, afinal precisamos nos mudar quinta-feira. A mudança já está marcada e a instalação do piso também! E para acelerarmos, estamos dando uma "mãozinha" aos pedreiros, quer dizer, eu, porque o Flávio só queria saber de moleza!!! rs Brincadeirinha...



Mesmo o momento não sendo dos melhores (é o fim do primeiro bimestre e tenho uma pilha de trabalhos e provas para corrigir!), estou feliz com a mudança... Os banheiros estão prontos, estamos quase terminando a pintura e a cozinha também tá indo... Ah! Tenho portas de madeira novinhas na minha casa!!! Ainda vai faltar fazer e comprar várias coisinhas, mas já estaremos na nossa casinha ainda essa semana!!!





segunda-feira, 23 de março de 2009

Hora do Planeta 2009!

A Hora do Planeta é um ato simbólico no qual governos, empresas e a população de todo o mundo são convidados a demonstrar sua preocupação com o aquecimento global e as mudanças climáticas. O gesto simples de apagar as luzes por sessenta minutos, possível em todos os lugares do planeta, tem o significado de chamar para uma reflexão sobre o tema ambiental.Conhecido mundialmente como Earth Hour, a Hora do Planeta será promovida no País pela primeira vez pelo WWF-Brasil e conta com a adesão e apoio do Rio de Janeiro , a primeira cidade brasileira a aderir à iniciativa.Em 2009, a Hora do Planeta será realizada no dia 28 de março, das 20h30 às 21h30, e pretende contar com a adesão de mais de mil cidades e 1 bilhão de pessoas em todo o mundo. Mais de 170 cidades de 62 países já confirmaram sua adesão à Hora do Planeta.Realizada pela primeira vez em 2007, a Hora do Planeta contou com a participação de 2,2 milhões de moradores de Sidney, na Austrália. Já em 2008, o movimento contou com a participação de 50 milhões de pessoas, de 400 cidades em 35 países. Simultaneamente apagaram-se as luzes do Coliseu, em Roma, da ponte Golden Gate, em São Francisco e da Opera House, em Sidney, entre outros ícones mundiais.Cadastre-se já no site Hora do Planeta e participe também deste movimento.

Este é o endereço do site: http://www.earthhour.org
Não se esqueçam de que somos responsáveis pelo nosso planeta!!!

domingo, 22 de março de 2009

A recompensa


Passamos o dia de ontem na obra, quer dizer: o Flávio passou. Eu fiquei na casa do meu irmão, com o João!
Jogamos video-game, jogamos vários joguinhos, lemos, vimos filme... Um dia perfeito!
Num desses momentos eu estava deitada no sofá, ao lado dele, que jogava video-game. De repente ele pausou o jogo, pegou minha cabeça e colocou-a em seu colo:

- Você pode ficar aqui se quiser.
- E eu não vou atrapalhar?
- Não, assim você não atrapalha.
- Então vou ficar aqui com você.

Ele voltou ao seu jogo e eu fiquei ali, deitada no seu colo como se o mundo todo coubesse ali, naquele instante....

Num mundo de jecas tatus...

Estava numa aula da autoescola. Falava-se sobre o convívio social no trânsito e também sobre algumas noções de cidadania.

A primeira coisa em que pensei foi que essas coisas não deveriam ser ensinadas em salas de aula, mas em salas de estar. Não por qualquer professor ou instrutor de autoescola, mas por nossos pais. Parei por alguns instantes e fiquei imaginando meu mundo perfeito, meu mundo cheio de "gentes educadas e gentis".

Logo despertei, afinal acabara de ser ofendida ao ouvir um maldoso comentário sobre professores de escolas públicas. Peraí! Eu trabalho muito bem, viu?!

Bom, agora a aula ganhava mais que um corpo presente. Até que surgiu um assunto sobre DPVAT. Antes de entrar na autoescola nunca tinha ouvido falar disso, a não ser por "anúncios" escritos nos muros de estações de trem! DPVAT é um seguro o qual temos direito caso soframos algum dano físico em acidentes de trânsito (é mais ou menos isso). O instrutor usou como exemplo um atropelamento no qual a vítima ficava ferida, o motorista fugia e a vítima era levada ao Hospital Getúlio Vargas. Putz!!! Meu mundo perfeito caiu de novo e fui novamente chamada à realidade cruel!!!

Ao meu lado alguém comentou: "O cara vai morrer!!! hahahaha" (risada que traduzindo significava: "se fudeu!!!"). Mas ninguém se preocupou com o fato de o cara ter fugido e não ter prestado ajuda... Bom, a história terminava com o atropelado tendo uma perna quebrada e esperando vários meses, ou anos, pelo recebimento do DPVAT; "afinal de contas estamos no Brasil", dizia o instrutor.

Lembrei do Jeca Tatu de cócoras... E eu estava ali, naquele instante, personagem de uma das crônicas de Monteiro Lobato, numa sala de aula cheia de jecas tatus de cócoras, levantando, olhando e voltando a ficar de cócoras, passivamente...

terça-feira, 17 de março de 2009

Quem?!


Sinto-me meio perdida. À procura de não sei bem o quê... Talvez até o saiba e o mais difícil talvez seja como buscá-lo. Putz... Ficou tudo mais confuso ainda.

De vez em quando sinto-me intensa demais, perdida demais, paranóica demais... Acho que eu sou demais, ou não... rs

Acho que Mário de Sá Carneiro, em 1916, descreveu bem melhor do que eu essa confusa sensação:


"Eu não sou eu nem sou outro,
Sou qualquer coisa de intermédio:
Pilar da ponte de tédio
Que vai de mim para o Outro."

sexta-feira, 13 de março de 2009

Um pouco de poesia

Essa semana fui com minha amiga Helena a uma palestra sobre Vivicius de Moraes, o poetinha... Sabem o que é o melhor de aprender? Aprender! Sempre há algo que não sabemos ou que não tivemos ainda o prazer (no caso de Vinicius só pode ser prazeroso) de conhecer. E foi exatamente o que aconteceu na noite de terça-feira. Além de ouvir falar de amor, através das músicas e poemas do poetinha, conheci coisas novas sobre a obra dele, em sua temática e em sua forma de escrever poesias. E, sabe, ele é melhor do que eu já achava... Minha alma se encheu de alegria e prazer e mais disposição para encarar a semana. Realmente, beleza é fundamental!!!

Ah! Segue um poema que eu não conhecia e fez com que eu me apaixonasse ainda mais pela obra do meu querido Vinicius de Moraes:

"O dia da criação"

I

Hoje é sábado, amanhã é domingo
A vida vem em ondas, como o mar
Os bondes andam em cima dos trilhos
E Nosso Senhor Jesus Cristo morreu na cruz para nos salvar.

Hoje é sábado, amanhã é domingo
Não há nada como o tempo para passar
Foi muita bondade de Nosso Senhor Jesus Cristo
Mas por via das dúvidas livrai-nos meu Deus de todo o mal.

Hoje é sábado, amanhã é domingo
Amanhã não gosta de ver ninguem bem
Hoje é que é o dia do presente
O dia é sábado.

Impossível fugir a essa dura realidade
Neste momento todos os bares estão repletos de homens vazios
Todos os namorados estão de mãos entrelaçadas
Todos os maridos estão funcionando regularmente
Todas as mulheres estão atentas
Porque hoje é sábado.

II

Neste momento há um casamento
Porque hoje é sábado
Há um divórcio e um violamento
Porque hoje é sábado
Há um homem rico que se mata
Porque hoje é sábado
Há um incesto e uma regata
Porque hoje é sábado
Há um espetáculo de gala
Porque hoje é sábado
Há uma mulher que apanha e cala
Porque hoje é sábado
Há um renovar-se de esperanças
Porque hoje é sábado
Há uma profunda discordância
Porque hoje é sábado
Há um sedutor que tomba morto
Porque hoje é sábado
Há um grande espírito de porco
Porque hoje é sábado
Há uma mulher que vira homem
Porque hoje é sábado
Há criancinhas que não comem
Porque hoje é sábado
Há um piquenique de políticos
Porque hoje é sábado
Há um grande acréscimo de sífilis
Porque hoje é sábado
Há um ariano e uma mulata
Porque hoje é sábado
Há uma tensão inusitada
Porque hoje é sábado
Há adolescências seminuas
Porque hoje é sábado
Há um vampiro pelas ruas
Porque hoje é sábado
Há um grande aumento no consumo
Porque hoje é sábado
Há um noivo louco de ciúmes
Porque hoje é sábado
Há um garden-party na cadeia
Porque hoje é sábado
Há uma impassível lua cheia
Porque hoje é sábado
Há damas de todas as classes
Porque hoje é sábado
Há umas difíceis, outras fáceis
Porque hoje é sábado
Há um beber e um dar sem conta
Porque hoje é sábado
Há uma infeliz que vai de tonta
Porque hoje é sábado
Há um padre passeando à paisana
Porque hoje é
um frenesi de dar banana
Porque hoje é sábado
Há a sensação angustiante
Porque hoje é sábado
De uma mulher dentro de um homem
Porque hoje é sábado
Há a comemoração fantástica
Porque hoje é sábado
Da primeira cirurgia plástica
Porque hoje é sábado
E dando os trâmites por findos
Porque hoje é sábado
Há a perspectiva de domingo
Porque hoje é sábado

III

Por todas essas razões deverias ter sido riscado do Livro das Origens, ó Sexto Dia da Criação.
De fato, depois da Ouverture do Fiat e da divisão de luzes e trevas
E depois, da separação das águas, e depois, da fecundação da terra
E depois, da gênese dos peixes e das aves e dos animais da terra
Melhor fora que o Senhor das Esferas tivesse descansado.
Na verdade, o homem não era necessário
Nem tu, mulher, ser vegetal, dona do abismo, que queres como as plantas, imovelmente e nunca saciada
Tu que carregas no meio de ti o vórtice supremo da paixão.
Mal procedeu o Senhor em não descansar durante os dois últimos dias
Trinta séculos lutou a humanidade pela semana inglesa
Descansasse o Senhor e simplesmente não existiríamos
Seríamos talvez pólos infinitamente pequenos de partículas cósmicas em queda invisível na terra.
Não viveríamos da degola dos animais e da asfixia dos peixes
Não seríamos paridos em dor nem suaríamos o pão nosso de cada dia
Não sofreríamos males de amor nem desejaríamos a mulher do próximo
Não teríamos escola, serviço militar, casamento civil, imposto sobre a renda e missa de sétimo dia.
Seria a indizível beleza e harmonia do plano verde das terras e das águas em núpcias
A paz e o poder maior das plantas e dos astros em colóquio
A pureza maior do instinto dos peixes, das aves e dos animais em cópula.
Ao revés, precisamos ser lógicos, frequentemente dogmáticos
Precisamos encarar o problema das colocações morais e estéticas
Ser sociais, cultivar hábitos, rir sem vontade e até praticar amor sem vontade
Tudo isso porque o Senhor cismou em não descansar no Sexto Dia e sim no Sétimo
E para não ficar com as vastas mãos abanando
Resolveu fazer o homem à sua imagem e semelhança
Possivelmente, isto é, muito provavelmente
Porque era sábado.

P.S. E viva o dia em que Deus criou a humanidade!!!

terça-feira, 10 de março de 2009

"Os obedientes", Clarisse Lispector

Sempre amei ler. Lembro que na época de colégio estava sempre na biblioteca nos tempos vagos. Lia, algumas vezes, mais de um livro por semana! Chegava da escola e começava a devorá-los! Sempre foram deliciosos os livros.

Não sei o porquê, mas há algum tempo andava meio negligente com a leitura. Nunca deixei de comprar livros, isso é um prazer do qual não abro mão. Mas, no fim, eles ficavam na estante a minha espera. Há poucos meses redescobri o vício da leitura. Mal acabo um e já começo outro. Acho que desde novembro já estou no quarto livro, fora as leituras obrigatórias!

No momento estou lendo um livro de contos da Clarice Lispector, "Felicidade Clandestina". Ontem à noite, sua leitura me proporcionou um momento único, lúdico...

Na verdade, foi uma forma diferente de tentarmos entender o que vem acontecendo, desde muito antes das obras; e, justiça seja feita: elas não estão causando todos os males da humanidade!!!

Estava deitada lendo, como tenho feito todas as noites. Algum tempo depois achei que a maldita TV seria ligada, mas isso não aconteceu. Ele apenas se deitou ao meu lado e disse que ia ficar comigo. Deitei-o no meu colo e li para nós dois um dos contos do livro, "Os obedientes". Na verdade foi uma leitura providencial.

Nele, Clarice conta sobre um casal, um casal obediente, que acaba conformado com a obediência. Um casal que faz tudo "certo" (tendo como parâmetro o que se considera certo para uma vida a dois), tudo sempre igual, sem sonhos; e assim eles vivem, resignados (???), as suas rotinas. Resignados até certo ponto. O mais triste foi perceber que quando queriam (e precisavam) desobedecer, já era tarde demais.

Segue um trecho do conto, que vale a pena ser lido e pensado...

" [...] Esse homem e essa mulher começaram — sem nenhum objetivo de ir longe demais, e não se sabe levados por que necessidade que pessoas têm — começaram a tentar viver mais intensamente. À procura do destino que nos precede? e ao qual o instinto quer nos levar? instinto?!
A tentativa de viver mais intensamente levou-os, por sua vez, numa espécie de constante verificação de receita e despesa, a tentar pesar o que era e o que não era importante. Isso eles o faziam a modo deles: com falta de jeito e de experiência, com modéstia. Eles tateavam. Num vício por ambos descoberto tarde demais na vida, cada qual pelo seu lado tentava continuamente distinguir o que era do que não era essencial, isto é, eles nunca usariam a palavra essencial, que não pertencia a seu ambiente. Mas de nada adiantava o vago esforço quase constrangido que faziam: a trama lhes escapava diariamente. Só, por exemplo, olhando para o dia passado é que tinham a impressão de ter — de algum modo e por assim dizer à revelia deles, e por isso sem mérito — a impressão de ter vivido. Mas então era de noite, eles calçavam os chinelos e era de noite. [...]"

Assim o fizemos: lemos juntos, pensamos juntos, conversamos juntos, adormecemos juntos...

segunda-feira, 9 de março de 2009

Apenas uma "homenagem"...



Sinto muito...

Queridos, sinto muito ter apagado a mensagem outrora escrita; só não quis criar mais um problema, o pior é que nem era com o objeto da questão... rs
Amiga comentarista, obrigada pelo que escreveu... Nessas horas vemos o qto vc é filha da tia Ruth!!! rs Graças a Deus!!!
O problema não foi resolvido, só adiado. Às vezes esse tal de amor é uma merda...
Bom, é isso então...

quarta-feira, 4 de março de 2009

Quando o problema não é de quem faz...

A última do pintor da obra:
- Sr. Flávio, a tinta não vai dar. É que ela é ruim, não pega!
Já viram tinta pegar?! Eu nunca!!!
Já viram um galão de tinta de mais de R$200,00 ser ruim? Eu tb não!!!
Mas já vi gente preguiçosa e que não sabe trabalhar colocar a culpa no material!!! Ah! Isso já vi um monte!!! Bom, menos um custo: o pintor foi dispensado!

segunda-feira, 2 de março de 2009

Para Sempre (Drummond)

Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.
Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.

Tanta falta...


Às vezes a saudade é tanta que não cabe dentro do peito. Dói tanto que atravessa os tecidos, os poros e explode em lágrimas. Lágrimas que de vez em quando parecem sem sentido...

Mas elas trazem consigo o pior dos sentimentos, o da perda.

Já são quase 9 anos e eu não sei quem foi que disse que o tempo é o melhor remédio para curar feridas. Talvez tenha sido alguém que nunca perdeu alguém que de fato amasse, que amasse até mais do que a si próprio. E se perdeu, não era alguém como a que eu perdi. Isso não tem nada a ver com "a minha dor é maior que a dos outros". É só que a ferida continua lá, aberta. E qualquer coisinha, ela volta a sangrar.

Drummond, sempre certo, sempre sensível a tudo, dizia que as mães não deveriam morrer jamais. Só quem perdeu a sua sabe o que é isso...

Sabe, há a dor do dia-a-dia, que é até suportável, mas há dias... Ah! É quando algo muito bom acontece e ela não tá lá pra ficar feliz comigo. É quando dá tudo errado e eu não tenho o colo dela pra deitar. É a falta de ter com quem conversar no fim do dia.

Dói saber que ninguém mais te ama tanto, dói saber que ninguém mais te entende tanto, dói não ter mais com quem brigar sem magoar, dói não poder mais falar mãe.... Dói não ter mais ao seu lado a única pessoa no mundo todo que sabia te amar, mesmo quando era brigando.

Eu trocaria tudo, tudo mesmo, para tê-la de volta... Não uma dia, mas agora, pra sempre!

Mães não deveriam morrer jamais...

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Em meio ao caos


Após duas semanas, as obras começaram a andar. Já não era sem tempo. O retorno dos pedreiros fez do apartamento um verdadeiro caos.


Neste endereço vcs poderão ver fotos da casa, que, de forma alguma, se parece com um lar...




Mas, não dizem que o universo se formou da desordem, do caos? Então...