Estava numa aula da autoescola. Falava-se sobre o convívio social no trânsito e também sobre algumas noções de cidadania.
A primeira coisa em que pensei foi que essas coisas não deveriam ser ensinadas em salas de aula, mas em salas de estar. Não por qualquer professor ou instrutor de autoescola, mas por nossos pais. Parei por alguns instantes e fiquei imaginando meu mundo perfeito, meu mundo cheio de "gentes educadas e gentis".
Logo despertei, afinal acabara de ser ofendida ao ouvir um maldoso comentário sobre professores de escolas públicas. Peraí! Eu trabalho muito bem, viu?!
Bom, agora a aula ganhava mais que um corpo presente. Até que surgiu um assunto sobre DPVAT. Antes de entrar na autoescola nunca tinha ouvido falar disso, a não ser por "anúncios" escritos nos muros de estações de trem! DPVAT é um seguro o qual temos direito caso soframos algum dano físico em acidentes de trânsito (é mais ou menos isso). O instrutor usou como exemplo um atropelamento no qual a vítima ficava ferida, o motorista fugia e a vítima era levada ao Hospital Getúlio Vargas. Putz!!! Meu mundo perfeito caiu de novo e fui novamente chamada à realidade cruel!!!
Ao meu lado alguém comentou: "O cara vai morrer!!! hahahaha" (risada que traduzindo significava: "se fudeu!!!"). Mas ninguém se preocupou com o fato de o cara ter fugido e não ter prestado ajuda... Bom, a história terminava com o atropelado tendo uma perna quebrada e esperando vários meses, ou anos, pelo recebimento do DPVAT; "afinal de contas estamos no Brasil", dizia o instrutor.
Lembrei do Jeca Tatu de cócoras... E eu estava ali, naquele instante, personagem de uma das crônicas de Monteiro Lobato, numa sala de aula cheia de jecas tatus de cócoras, levantando, olhando e voltando a ficar de cócoras, passivamente...
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