domingo, 19 de julho de 2009

A / À / Ah! memória...

Cheguei há pouco em casa. Estava em Piratininga, lá longe, dividindo um momento fantástico com os amigos de infância. Pois é, o tempo insiste em passar... Ele não nos dá trégua e podemos perceber, principalmente em encontros com amigos de infância, como ele, o tempo, mostra ser senhor de si. e de nós.

Quando me foi noticiada a comemoração de hoje, fiquei sabendo que o almoço seria churrasco e bobó de camarão. Ai, bobó de camarão... Neste instante o tempo resolveu me afirmar que ele havia passado. Há 17 anos atrás, nas comemorações de aniversário em casa de tia Ruth, sempre tinha bobó de camarão. Pude até sentir o cheiro que vinha da cozinha, que era tão pertinho da sala num pequeno apartamento onde vivia uma família linda... que ainda hoje é tão linda como era outrém. Só está maior... De novo esse tal de tempo... Voltando ao bobó: junto do cheiro veio o sabor e a saudade de um tempo que se foi.

Mas vocês sabiam que o tempo tem uma inimiga?! Na verdade, mitologicamente, Mnemosine era irmã de Chronos, não era uma inimiga. Mnemosine era a personificação da memória. E é por isso que amo o universo helênico... Memória não era apenas lembrar; tampouco não esquecer.

A memória fazia com que as coisas fossem imortais. Tudo o que se viveu não era esquecido, porque existia a memória, que fazia com que as lembranças estivessem sempre presentes. E mais: sabe o que era imortal? Os deuses. A memória nos aproxima do sagrado... Logo, da verdade, algo que nos era dado pela inspiração divina. A verdade, para os gregos, era o que não podia ser esquecido. Logo...

Voltando ao bobó da tia Ruth...




Fui agraciada com o dom de Mnemosine... Não sentia mais saudade daquele tempo passado. Eu tenho o tempo presente! Eu tive o bobó da tia Ruth (que continuava delicioso!). Eu tive a companhia dos amigos de 16 anos atrás e mais alguns amigos novos. Ganhei beijos e abraços dos tios que nos aturavam tocando violão várias tardes depois da escola! Ouvi do tio Jackson palavras que só ele usa!!! E ele lembrando que tinha que nos aguentar! Tiramos muitas fotos com o Thiago, que ainda está na barriga de sua mãe, mas que é o elemento que representa o novo. Ah, tempo... Você pode até passar e, às vezes, você até passa depressa demais, mas temos a memória, que nos permite reviver cada momento especial que passamos em nossas vidas. E isso é um dom, uma bênção...

4 comentários:

Sra. Confitê disse...

Obrigada!Os melhores presentes da vida estão na nossa memória.

Ana Christina disse...

A memória é o próprio presente... Um presente tão especial que é capaz de guardar tantos outros...

Unknown disse...

Sinto-me linsojeada em relação aos meus dotes culinários. Mas, adorei mesmo ,foi o comentário Mitológico sobre a Memória ( esse sistema Fantático que só o homem tem)concordo plenamente que seja um presente especial, pois é a preservação de nossa própria existencia, da nossa história da nossa vida. Sou testemunha ocular da importância da Memória nessa nova jornada de conhecimentos na Gerontologia (UFF) bjs....

Ana Christina disse...

Que honra, tia, vc por aqui!!! Adorei!!!