segunda-feira, 7 de junho de 2010

A Tijuca e o tapete persa


Sou uma convicta e resignada moradora do subúrbio carioca. Todavia, nunca estudei perto de casa. Há muito tempo, quando ainda existia o primeiro grau, fui estudar na Tijuca. Lá aprendi que tijucanos acham que a Tijuca é a zona sul do subúrbio! Carma, talvez, mas ainda mantenho relações íntimas com o tal bairro, casei com um tijucano...
Bom, seguíamos para o mais novo bairro ocupado pelas UPPs de Cabral, quando marido resolveu mudar o caminho. Passamos, então, pela rua de uma coleguinha de escola e mais uma lembrança me veio a mente. Muito curiosa essa tal de memória... Como coisas adormecidas despertam e invadem cada neurônio de nosso cérebro trazendo inúmeros detalhes e sensações.
Resolvi dividir uma de minhas lembranças de adolescência com vocês:
Eu e mais alguns amiguinhos suburbanos nos dirigíamos, em uma tarde de sábado ou domingo, para a casa de nossa coleguinha tijucana a fim de fazermos algum trabalho de grupo da escola. Sabe, era uma época em que nos reuníamos de verdade para fazer trabalhos. Pesquisávamos em livros, organizávamos os tópicos e escrevíamos o nosso próprio texto. Nada de ctrl C ctrl V!
Continuando...

Mal chegamos e fomos convidados a tirar os sapatos antes de entrarmos no apartamento. Mesmo sem os pais de nossa coleguinha estarem em casa, as ordens eram rigorosamente respeitadas, bem, quase todas, como vocês verão. A primeira coisa a nos ser mostrada foi o enorme, lindo, fofo e intocável tapete persa que ocupava grande parte da sala de estar. Ele, o personagem principal da sala, ficava bem ao centro, ao redor, os sofás e cadeiras. Sobre ele a mesinha de centro com vários bibelôs. Meu pai ficaria louco com aquilo tudo! Ah! Mas eu e meus amiguinhos suburbanos nunca tínhamos visto um tapete persa! A gente queria pisar, tocar, sei lá! Mas não. O tapete estava ali, mas a ordem era para que ninguém, NINGUÉM!, pisasse nele! Frustrados, mas resignados, fomos fazer o tal trabalho. Naquela época os pré-adolescentes eram menos revoltados, talvez porque ingeríamos carboidratos ao invés de comer comida japonesa só porque tá na moda! Voltando ao tapete persa, nossa coleguinha tijucana, compadecida, abriu uma exceção para nós: ela deixou a gente pisar no tal tapete persa! Que bom, pois, confesso, era dificílimo estar no sofá sem pisar no tal tapete! Foi aí que experimentamos algo fabuloso! Vocês já pisaram num tapete persa? A sensação voltou na hora! Tão macio, fofinho... A gente não queria parar! Mas foi só um pouquinho, a coleguinha era uma boa filha!
Talvez tenha sido a Tijuca um dos lugares que me ofereceu as melhores experiências da minha vida: ir para o colégio sozinha; matar aula para ir ao cinema; sair da escola no sábado e ir tomar sorvete no Bob's; pisar, talvez pela única vez, em um tapete persa...

5 comentários:

Sra. Confitê disse...

Ainda bem que não voou no tapete, né?

Ana Christina disse...

O tapete mágico era persa?!

Nilton Braga disse...

A Tijuca É a zona sul da zona norte. Fato. Comida japonesa é uma coisa boa e saudável.

Agora... muito legal a sua experiência e reflexão: "Talvez tenha sido a Tijuca um dos lugares que me ofereceu as melhores experiências da minha vida (...)".

Algumas vezes não percebemos, naquela hora, o quão bons são alguns momentos nas nossas vidas. Essa constatação só vem mais tarde, as vezes anos mesmo. Como eu já li uma vez: "A experiência só nos vem quando ela já não é mais útil".

Perceber isso é importante para darmos cada vez mais atenção ao nosso presente.

Bjos!

Nilton Braga disse...

By the way... o tapete não era pra pisar?? Mesmo estando no chão?

Ana Christina disse...

Pois é... era isso que eunão conseguia entender...